Entenda por que é importante para o Brasil proteger suas reservas de nióbio, um mineral altamente estratégico. Mas o assunto parece ser tabu.
O governo federal acerta quando decide incrementar pesquisas, prospecção e
exploração de terras raras. Antes disso, porém, o Brasil tem que consertar a
vergonha nacional que é a exploração de nióbio. Segundo dados da CPRM, o Brasil
detém 99% de todas as jazidas mundiais de nióbio, sem mensurar as prováveis
jazidas que dizem existir na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Pois bem, sendo quase o único produtor e exportador mundial de nióbio, o
Brasil não fixa o preço do minério; este é fixado pelos compradores, via Bolsa
de Londres (London Metal Exchange). Esse fato, além de surreal, é completamente
lesivo aos interesses brasileiros. Numa analogia, os países produtores de
petróleo, congregados na OPEP ou fora dela, aceitariam que o preço do barril
fosse fixado pela Nymex?
Enquanto o Brasil não desatar o nó górdio da nióbio, não será aceito nas
interlocuções internacionais como um player sério… Já pensou se fosse a China ou
os EUA a deter o controle de tamanhas jazidas de nióbio? Será que adotariam uma
política tão antinacional e entreguista quanto a que o Brasil adota?
A bem da verdade, é necessário registrar o seguinte fato: em 1997, FHC, então
presidente da República, tentou vender a jazida de nióbio de São Gabriel da
Cachoeira – AM por 600 mil reais, sendo que a jazida (ela sozinha suficiente
para abastecer todo o consumo mundial de nióbio por cerca de 1.400 anos. Segundo
o Almirante Roberto Gama e Silva, somente a jazida de São Gabriel havia sido
avaliada pela CPRM em Um Trilhão de dólares!
Tal ação lesa-pátria foi impedida por um grupo de militares nacionalistas,
especialmente o almirante Roberto Gama e Silva. Essa é uma situação surreal que
Lula herdou de FHC e manteve inalterada, infelizmente.
Mas por que o nióbio desperta tanta polêmica? O que significa, na prática,
deter a posse de tamanhas jazidas desse mineral? Bem, trata-se de elemento
químico do grupo de transição na Tabela Periódica, número atômico 41, e massa
atômica de 92,9 u.
E a situação das reservas mundiais é a seguinte. Canadá: 62.000 ton.,
Austrália: 21.000 ton., Brasil: 3.392.800.000 ton., assim distribuídas: Catalão
– GO: 4.800.000 ton., Araxá – MG: 488.000.000 ton., São Gabriel da Cachoeira –
AM: 2.900.000.000 ton., Raposa Serra do Sol – RR: não mensuradas
O nióbio apresenta numerosas aplicações. É usado em alguns aços inoxidáveis e
em outras ligas de metais não ferrosos. Estas ligas, devido a resistência a
altas temperatura e pressão, são geralmente usadas para a fabricação de tubos
transportadores de água e petróleo a longas distâncias.
É usado em indústrias nucleares devido a sua baixa captura de nêutrons
termais. Também usado em soldas elétricas. Devido a sua coloração, é utilizado,
geralmente na forma de liga metálica, para a produção de jóias como, por
exemplo, os piercings.
Quantidades apreciáveis de nióbio são utilizados em superligas para fabricação de componentes de motores de jatos, subconjuntos de foguetes, ou seja, equipamentos que necessitem altas resistências a combustão. Pesquisas avançadas com este metal foram utilizadas no programa Gemini.
E está sendo avaliado como uma alternativa ao tântalo para a utilização em capacitores.
Quantidades apreciáveis de nióbio são utilizados em superligas para fabricação de componentes de motores de jatos, subconjuntos de foguetes, ou seja, equipamentos que necessitem altas resistências a combustão. Pesquisas avançadas com este metal foram utilizadas no programa Gemini.
E está sendo avaliado como uma alternativa ao tântalo para a utilização em capacitores.
O nióbio se converte num supercondutor quando reduzido a temperaturas
criogênicas. Na pressão atmosférica, tem a mais alta temperatura crítica entre
os elementos supercondutores, 9,3 K. Além disso, é um dos três elementos
supercondutores que são do tipo II (os outros são o vanádio e o tecnécio),
significando que continuam sendo supercondutores quando submetidos a elevados
campos magnéticos.
Mais um fato que transformará o nióbio em mineral estratégico (mais do que já
é) é a nascente tecnologia dos computadores quânticos. Dessa tecnologia, ainda
embrionária, nascerá o computador do futuro, que será baseada no qubit (bit
quântico). E o qubit é formado por uma porção de nióbio circundada por uma
bobina. Quando a bobina é estimulada eletricamente, ela gera um campo magnético,
que provoca alterações de estado nos átomos de nióbio. Essas mudanças de estado
são captadas pelos circuitos e transformadas em dados. Para que tudo isso
funcione, o chip quântico precisa ser congelado a 4 milikelvins, temperatura
muito próxima do zero absoluto. Isso é feito por meio de um sistema de
refrigeração com hélio líquido. O nióbio torna-se supercondutor nessa
temperatura.
Agora, a jóia da coroa: o uso do nióbio no processo de fusão nuclear.
Pesquisadores europeus, japoneses, americanos, russos e chineses estão
construindo na cidade francesa de Cadarache, um reator de fusão termonuclear,
que, quando em operação e se obtiver sucesso, vai apresentar um passo gigantesco
no sentido da busca de energia limpa, barata e inesgotável.
Bombardeando isótopos de hidrogênio (deutério e trítio), a matéria mais
abundante no universo, a uma temperatura de 100 milhões de graus Celsius,
obtém-se, pela fusão nuclear, átomos de hélio (um gás nobre e neutro, usado para
encher balão) e uma gigantesca liberação de energia. Será o começo do fim da era
do petróleo na Terra.
Bem, e onde entra o nióbio nessa história toda? Como resistir a tais
temperaturas? Os pesquisadores então criaram um supercampo magnético (um imã
gigante), que resiste a altíssimas temperaturas e faz com que o processo de
liberação dessa energia se dê a uma distância controlada das paredes do reator.
É bom salientar que, conforme as pesquisas, somente um elemento químico consegue
criar esse supercampo magnético: o nióbio. Esse mesmo mineral que o Brasil é
quase o detentor exclusivo de todas as jazidas mundiais!